Lançamento duplo: Toni C. e Rashid apresentam seus novos livros

Em lançamento duplo: Toni C. e Rashid apresentam seus lançamentos literários: Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas e a HQ: SoundTrack, respectivamente.

O evento conta com bate-papo entre os autores mediado pela poeta Elizandra Souza, seguido por sessão de autógrafos.

Um Pouco sobre a HQ: SoundTrack:

“Mayk é um rapper que atua como guia em um sistema de compartilhamento neural chamado R.E.A.L, nele os usuários são transportados para uma projeção baseada em seus subconscientes. Neste mundo distópico, onde a tecnologia permite que indivíduos compartilhem uma experiência terapêutica através da música, a missão do MC é se conectar com seus ouvintes através da rima, ajudando-os a encarar seus desafios, vencer seus medos e sonhar com um futuro melhor.​ Com ilustrações de Guilherme Match.”

Um pouco sobre Hip-Hop 50 anos, 50 crôncias:

​”O Hip-Hop se tornou a maior contracultura globalizada do planeta. Ao celebrar meio século de existência e resistência, ganha uma publicação fulminante com 50 crônicas escritas ao longo dos últimos 20 anos. O autor não se restringe a um mero pesquisador deste movimento, Toni C. vivencia essa cultura desde a infância, quando sonhava em ser DJ, do vinil até os riscos nos papéis o tornaram um contumaz escritor. Rashid assina apresentação na contracapa do livro de Toni C., onde o MC narra a recente viagem que fez à Nova York no marco dos 50 anos da cultura Hip-Hop.​”

Rashid – MC, iniciou sua carreira nas batalhas de MCs do Santa Cruz, e se consolidou como uma das vozes centrais do rap nacional, com três EPs, três mixtapes, quatro álbuns de estúdio e centenas de shows e participações marcantes em grandes festivais, o rapper é também autor do livro Ideias Que Rimam Mais Que Palavras Vol. 1​ e agora de sua primeira HQ: SoundTrack.

Toni C. é um dos maiores elaboradores do Hip-Hop brasileiro, escritor, roteirista de documentários: AmarElo – É Tudo Pra Ontem – Emicida (Netflix), diretor do filme: É Tudo Nosso: É Tudo Nosso! O Hip-Hop Fazendo História (Spcine Play). Sua mais recente obra literária Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas, reúne textos publicados em diferentes veículos, produzidos ao longo das últimas duas décadas.

Elizandra Souza é escritora, poeta, editora, jornalista e técnica em Comunicação Visual. Nasceu em São Paulo e passou a infância em Nova Soure (BA). Há 22 anos é ativista cultural, com ênfase na difusão do jornalismo cultural da periferia e da Literatura Negra Feminina. Integrante do Sarau das Pretas desde 2016. É autora dos livros: Quem pode acalmar esse redemoinho de ser mulher preta (2021), Águas da Cabaça (2012) e Punga, de coautoria de Akins Kintê (2007). Editora dos livros do Coletivo Mjiba: Pretextos de Mulheres Negras (2013), Terra Fértil (2014) e Literatura Negra Feminina – Poemas de Sobre(Vivência) (2021). Coorganizadora de Narrativas Pretas – Antologia Poética do Sarau das Pretas (2020), Publica, Preta! – Manual de Publicação Independente (2022) e Orikis – Sarau das Pretas (2023).

A atividade é gratuita, com retirada de ingressos antecipada pelo site: http://www.sympla.com.br/literarua

​O Que: Lançamento duplo: Toni C. e Rashid
Apresentação: Elizandra Souza
Quando: 21/12 (quinta-feira)
Horário: 18h30
Local: Livraria LiteraRUA
Av. Deputado Emílio Carlos, 179 Loja 4 

Lançamento do livro “Hip-hop: 50 anos, 50 crônicas” de Toni C.

No dia 23 de novembro, às 20 horas, Toni C. e convidados estarão no Itaú Cultural (IC) para o lançamento do livro Hip-hop: 50 anos, 50 crônicas.

No dia 23 de novembro, às 20 horas, o Itaú Cultural (IC) recebe o lançamento do livro Hip-hop: 50 anos, 50 crônicas, do escritor e roteirista Toni C. O evento conta com a participação do autor e dos rappers Rashid, Renan Inquérito, Sharylaine e Richard Santos (Big Richard).

Um dos maiores e mais importantes movimentos de contracultura do mundo, o Hip-Hop completa 50 anos de explosão criativa e resistência artística, cultural e social. Na corrente das comemorações, o livro de Toni C. é uma seleção de textos escritos pelo autor nos últimos 20 anos, publicados em diferentes veículos, e tem prefácio do rapper Emicida, apresentação do rapper Rashid e capa do artista Alexandre de Maio.

Distante de uma abordagem hermética ou enciclopédica, a obra nos leva aos espaços de vivência do movimento Hip-Hop: o palco, o camarim, o backstage e a rua. Narrados em primeira pessoa, os textos evidenciam as várias realidades da cena e não se furtam a questionar elementos da própria cultura, mostrando-se uma leitura essencial para quem quer conhecer a história e para aqueles que já a conhecem por experiência própria.

Mais sobre o escritor: Toni C. é um dos maiores elaboradores do Hip-Hop brasileiro, biógrafo do rapper Sabotage: Um Bom Lugar, autor do romance “O Hip-Hop Está Morto! – A História do Hip-Hop no Brasil”, roteirista de documentários: AmarElo – É Tudo Pra Ontem – Emicida (Netflix), diretor do filme: É Tudo Nosso: É Tudo Nosso! O Hip-Hop Fazendo História (Spcine Play). Sua mais recente obra literária, Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas, reúne textos publicados em diferentes veículos, produzidos ao longo das últimas duas décadas.

Sobre os convidados:

Sharylaine – Cantora, compositora e intérprete. MC pioneira, integra a Cultura Hip-Hop desde 1985 em São Paulo, se consagrando como rapper em 1986, participou das origens da cena cultural na Estação São Bento do metrô, onde sua história se funde e se confunde com a história da própria cultura Hip-Hop na cidade. Em 38 anos de estrada se tornou referência e ainda carrega a marca de permanecer em atividade desde os primórdios até a atualidade.

Renan Inquérito – Mestre (sem) Cerimônias, rapeiro e sarauzeiro, compositor, geógrafo, atua no Hip-Hop desde 1997 com o grupo que fundou Inquérito. Com oito discos, dezenas de músicas, videoclipes e centenas de shows. Autor dos livros #PoucasPalavras e Poesia Pra Encher a Laje. Seu mais recente trabalho, ABRAKBÇA é um projeto que apresenta o Hip-Hop para o público infantil, com participação de grandes artistas como Maria Rita, Adriana Calcanhoto, Arnaldo Antunes, Emicida, Rashid e O Teatro Mágico. Renan Inquérito faz comentários na presente obra: Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas.

Rashid – MC, iniciou sua carreira nas batalhas de MCs do Santa Cruz, e se consolidou como uma das vozes centrais do rap nacional, com três EPs, três mixtapes, quatro álbuns de estúdio e centenas de shows e participações marcantes em grandes festivais, o rapper é também autor do livro Ideias Que Rimam Mais Que Palavras Vol. 1 e do mais novo lançamento já em pré-venda a HQ: Soudtrack que produziu com o ilustrador Guilherme Match. Rashid assina a contracapa no brilhante texto de apresentação do livro Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas onde narra a recente viagem que fez à Nova York no marco dos 50 anos da cultura Hip-Hop.

Richard Santos (Big) – Richard Santos se consagrou no Hip-Hop como Big Richard, atuou na primeira posse de rap do Rio de Janeiro, a ATCON (Associação Atitude Consciente), integrou o grupo de rap Consciência Urbana. É Doutor em Ciências Sociais (UnB), Mestre em Comunicação pela Universidade Católica de Brasília, autor dos livros: Hip-Hop: Consciência e Atitude, Maioria Minorizada – Um dispositivo analítico de racialidade e Branquitude e Televisão – A nova África (?) na TV pública, o seu mais recente livro é Mídia, Colonialidade e Imperialismo Cultural – O caso comparado da TV pública no Brasil e Argentina. Big Richard faz comentários no livro Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas. Está pró-reitor de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Sul da Bahia, que acaba de conceder o título de Doutor Honoris Causa a Pedro Paulo Soares Pereira – Mano Brown.

Lançamento de Hip-hop: 50 anos, 50 crônicas, de Toni C.
quinta 23 de novembro de 2023
às 20h
[duração aproximada: 70 minutos]
Sala Itaú Cultural – 224 lugares

[classificação indicativa: livre, segundo autodefinição]

https://itaucultural-eventos.byinti.com/#/event/lanamentodolivrohip-hop50anos50cronicas

Pioneiro do rap nacional, Richard Santos, hoje doutor em Ciências Sociais, lança livro sobre o modelo da TV brasileira

Comunicador discute como a geopolítica da
comunicação impede a pluralidade étnico-racial
na televisão brasileira

É inegável a existência de uma hegemonia branca à frente dos veículos de comunicação, em especial, a televisão, no nosso país. Isso possui diversos fatores, incluindo questões culturais e políticas que esta obra ajudará a descortinar. Em “Mídia, colonialismo e imperialismo cultural”, lançamento da editora Telha, vemos como a televisão brasileira, sua forma de fazer, estética e branquitude contribuíram na formação do imaginário nacional muito por copiar e reproduzir por aqui o modelo de TV praticado nos Estados Unidos. A obra foi escrita pelo jornalista, escritor, rapper e doutor em Ciências Sociais Richard Santos, figura icônica dos anos 1990/2000 no cenário cultural brasileiro.

“Mídia, colonialismo e imperialismo cultural” é fruto de seu trabalho prático e teórico de mais de duas décadas de atuação em diversos meios de comunicação e de investigação acadêmica coroada com o doutorado realizado no Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, ELA-UNB. Nele, o autor joga luz ao fato que grupos de comunicação estrangeiros investiram nas TV’s privadas e, por consequência, ajudaram no enfraquecimento da comunicação pública como potencial formadora de público cidadão de maior qualificação.

“Esse meu percurso que mistura o prático e o acadêmico, sendo um homem negro, de origem periférica, me fez compreender as nuances da indústria cultural e como ela impõe as imagens de controle sobre nossas presenças e limitam nossos corpos no espaço público que é a tela da televisão, e do vídeo de modo geral. Não foram poucas as vezes que me recusei a fazer papeis estereotipados nos grandes veículos em que tive a oportunidade de entrar.” – Richard Santos, comunicador, professor e escritor

Em seu novo livro, “Big Richard”, como é chamado por quem o conheceu por ser pioneiro no Hip Hop, analisa como a hipótese da criação de um discurso emancipatório e contra-hegemônico em relação às políticas de mercado e da indústria cultural poderiam alterar a situação da TV pública nacional que tem papel de ajudar na formação cultural e como cidadão do público que a assiste. E isso em todos os seus níveis, incluindo quem apresenta tais programas – basta ver o número de loiros ‘versus’ o número de negros à frente das câmeras.

“Mídia, colonialismo e imperialismo cultural” analisa ainda a relação da televisão e os anseios da chamada ‘Maioria Minorizada’. Aqui o autor investiga o processo histórico de importação dos modelos estadunidenses de fazer televisão, faz uma comparação com a Argentina para apontar que é um modelo imposto pelas políticas de dominação do EUA na região, e isso, segundo o autor, será definidor do estereótipo que domina as mídias da região, e brasileiras em especial.

“De modo geral, o Brasil está inserido no guarda-chuva de dominação do EUA, é dependente econômica e culturalmente. Neste sentido podemos dizer que é um país dependente da relação euro-americana. É por isso que digo que não concluímos efetivamente nossa independência nacional, e somos um país colonizado, com uma mídia igualmente colonizada que gera o que chamo de imperialismo cultural. Esse imperialismo cultural leva para aquele antigo dito popular de que ‘o brasileiro considera tudo o que vem do estrangeiro melhor do que o nacional’.” – Richard Santos

Sobre o autor:

Richard Santos é escritor, pesquisador, docente e extensionista da Universidade Federal do Sul da Bahia. Está Pró reitor de Extensão e Cultura da UFSB. É credenciado à Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-raciais. Coordena o Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo e o Programa de Extensão Jornada do Novembro Negro. Propôs e coordenou a criação do curso bacharelado em jornalismo da UFSB. Tem uma carreira pregressa como artista multimídia, conhecido como Big Richard. É Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Comunicação pela Universidade Católica de Brasília;.É membro da INTERCOM, Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação, e da Latin American Studies Association, LASA. É autor dos livros Maioria Minorizada – Um dispositivo analítico de racialidade (2020) e Branquitude e Televisão – A nova África (?) na TV pública (2ª edição, 2021), ambos publicados pela Editora Telha. É membro do RESPEITAR Centro de Referência em governança para a equidade, antidiscriminacao e sustentabilidade social.Um andarilho do mundo no caminho pela igualdade

Sobre a Editora Telha: Desenvolvida no Rio de Janeiro, a Editora Telha nasce no fim de 2019 e já alcança, em sua primeira publicação Motel Brasil: uma antropologia contemporânea, de Jérôme Souty, a marca de obra finalista do Prêmio Jabuti 2020.  Interdependente (porque independente ninguém é realmente), a Telha surgiu pelo desejo de editar com maior autonomia e criar mais espaço para textos produzidos por autores fora dos grandes centros. 

Serviço:

Livro: Mídia, colonialismo e imperialismo cultural

Autor: Richard Santos

Editora: Telha

Páginas: 256

Preço: R$ 67,90

Data: 18/08

Horário: 18h30

Local: Blooks Livraria – Praia de Botafogo 316 – Espaço Itaú de Cinema, Rio de Janeiro/RJ

Adquira em: https://editoratelha.com.br/product/midia-colonialismo-e-imperialismo-cultural-o-caso-comparado-da-tv-publica-no-brasil-e-na-argentina/

Exclusivo: Mano Brown é indicado ao título de Doutor Honoris Causa na Bahia

Por Toni C. *

Colaboração: Demetrios dos Santos Ferreira

No momento em que o Hip-Hop celebra 50 anos, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), aprova um feito inédito ao oferecer o “Título de Doutor Honoris Causa ao Sr. Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown”, conforme descrito no documento da instituição.

Foto Divulgação.

“Da ponte pra cá antes de tudo é uma escola,
Minha meta é dez, nove e meio, nem rola”

Da Ponte Pra Cá (Racionais MC’s)

O parecer favorável traz uma contundente peça de defesa: “Trata-se de um indivíduo singular,” a aprovação ocorreu nesta quarta (16), durante o Conselho Universitário (CONSUNI) e enumera o papel fundamental de Mano Brown e seu posicionamento: “rapper, integrante e fundador do grupo Racionais MC’s, seu trabalho é voltado a um público jovem, ainda em idade de formação escolar uma parcela da população que, ao menos em tese, deveria possuir uma agenda diária que reservasse boa parte de seu tempo para frequentar uma escola,” pontua.

“Apoiado por mais de 50 mil manos”
Capítulo 4 Versículo 3 (Racionais MC’s)

O processo 23746.007544/2023-89 (responsável documentar para o pedido de titulação) é minucioso ao detalhar os quase 300 mil habitantes do Capão Redondo, na Zona sul de São Paulo, onde o Estado disponibiliza 29 escolas públicas e a rede municipal, 51 unidades educacionais. O documento admite que por falta de um censo atualizado, não é possível enumerar a quantidade de jovens fora da escola. “Entretanto, pode-se afirmar que Mano Brown representa e dialoga com essa parcela da população,” um parecer assertivo.

A ação sustentada por um memorial que, já em seu título, justifica a proposta partir de uma universidade do estado da Bahia: “Mano Brown: ‘Fi de Baiano’ (…)”, faz menção a letra de rap com “poesia à altura de Castro Alves”, de suas raízes familiares que remontam ao Nordeste brasileiro, fruto do êxodo populacional, “De pai desconhecido, supostamente de origem italiana, sua mãe Dona Ana Soares, já falecida, é natural de Riachão do Jacuípe, 186 Km da capital dos baianos,” descreve o memorial. 

O professor Richard Santos, Pró-reitor na universidade, comenta o ineditismo da proposta: “Esse reconhecimento é totalmente merecido por Mano Brown, ao mesmo tempo, não é exclusivo, é algo que diz respeito à importância do Hip-Hop, ao seu legado e as possibilidades que antes não tínhamos nem em nossos sonhos.”

Em seu podcast Mano a Mano ao receber como convidado Gilberto Gil, Brown, contou ter recém descoberto que seu avô materno é oriundo de quilombo da região do Rio Roncador, na Chapada Diamantina, “segundo dados de registros da igreja local, teria o nome de Teodoro Roncador, homem preto versado no trabalho com borracha e couro”. Enquanto o parecer observa um outro aspecto, igualmente peculiar:

“Quando a Universidade se propõe a conceder o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão que provoca o questionamento da identidade através da apropriação da pedagogia da mídia, ela trata de abordar uma política na educação que é parte desta história humana.”

Histórias como as narradas em música por Mano Brown, histórias vividas até mesmo pelo corpo docente que aprovaram a condecoração, – Richard Santos, Doutor em Ciências Sociais, tendo ele próprio uma trajetória com origem no Hip-Hop, onde é mais conhecido como Big Richard –, revela o novo momento da universidade pública: “Ainda mais com uma Reitora, como Joana Angélica Guimarães, a primeira mulher negra a comandar uma Universidade Federal no Brasil, oriunda da periferia e assim posso afirmar que a UFSB é uma universidade insurgente, rompendo as barragens de peneiramento, como diria o Clóvis Moura”, destaca o rapper Doutor.

A aprovação aconteceu sob muita emoção, Mano Brown passa a ser reconhecido por “representar e dialogar com essa camada da população, que vê a escola com a desconfiança do soldado que chega ao campo de batalha pela primeira vez”, compara o documento.

“Mano Brown, representa e dialogar com essa camada da população, que vê a escola com a desconfiança do soldado que chega ao campo de batalha pela primeira vez”,

Em outro trecho o parecer elaborado pelo Prof. Dr. Francisco Nascimento, Decano IHAC, enfrenta o seguinte questionamento: “por que preciso ir à escola?”, a dúvida recorrente à população em pobreza extrema, encontra diferentes respostas: “em busca de uma refeição”; “local seguro diante à violência”; “território neutro enquanto seus familiares trabalham”. 

E é esse o epicentro de uma realidade rasgada onde ação pública por vezes fracassa, que Mano Brown dialoga e representa.

O documento, também lembra a função primária do local de estudos: “As crianças que são enviadas para a escola porque lá aprenderão a ler e a escrever, serão alfabetizadas, receberão uma educação a partir da qual se assegura um emprego no futuro ou quem sabe até, talvez, o ingresso em uma faculdade.”

Dessa forma, o título Honoris Causa, reconhecendo o notório saber de Mano Brown é mais que justo e necessário, se faz urgente.

O que é Doutor Honoris Causa?

A expressão em latim “Honoris Causa” significa “por causa de honra”. Trata-se de uma nomeação concedida por uma universidade ou instituição acadêmica a indivíduos que tenham feito contribuições significativas em suas áreas de atuação, como ciência, arte, literatura, educação, política, entre outras áreas, ainda que não tenham passado pelo processo tradicional de obtenção de um doutorado. É uma forma de reconhecimento pelo notório saber e homenagem à personalidade que recebe tamanha honraria. 

Para este escritor do Hip-Hop: Mano Brown ser declarado Doutor Honoris Causa, é o mesmo que todos nós, membros dessa cultura, sermos igualmente homenageados. O Hip-Hop, finalmente é reconhecido pela contribuição única que oferece à educação e formação dos que vêm de baixo.

* Toni C. é escritor, roteirista do documentário AmarElo é Tudo Pra Ontem – Emicida, diretor do documentário É Tudo Nosso! O Hip-Hop Fazendo História. Autor dos livros: Sabotage – Um Bom Lugar, e do romance “O Hip-Hop Está Morto!”, organizador dos livros Hip-Hop a Lápis e Literatura do Oprimido, criador do coletivo LiteraRUA.

Lançamento do Livro Só Agradece de Thiago Ventura com Pocket Show!

Em comemoração ao aniversário do Thiago Ventura e do Shopping Frei Caneca, vamos fazer uma ação para ajudar quem mais precisa com lançamento de livro e Pocket Show e lançamento do livro Só Agradece.

O aniversário é nosso, mas quem vai ganhar presente são vocês e muitas famílias.

Assim como o Thiago Ventura tem história com o Shopping e o Teatro Frei Caneca, sabemos que sua origem é o Taboão da Serra, então veja como tudo vai funcionar?


Basta ir até o balcão de troca do Shopping Frei Caneca com 5kg de alimentos não perecíveis (sendo 1 kg de cada alimento, exceto sal) e troque por 1 livro do Thiago Ventura – Só Agradece + 1 ingresso para um pocket show do fenômeno do stand-up que acontecerá no dia 24/05 às 20 horas, (Sujeito a lotação de 600 lugares, então corra. Os ingressos serão limitados dando direito a 1 brinde por CPF). E o livro será autografado no dia após o espetáculo.

Os alimentos doados serão destinados para comunidades carentes de Taboão da Serra, cidade natal do Thiago Ventura.

Então não fique de fora: venha comemorar nosso aniversário, dar boas risadas e, o mais importante, ajudar o próximo.

Thiago Ventura, LiteraRUA e Shopping Frei Caneca: Só Agradece!✌️😎

Serviço

O que é: Lançamento do Livro + pocket show + sessão de autógrafos.

Como participar: Troque 5kg de alimento pelo ingresso + livro!

Quando: Os ingresso podem ser trocados desde já. (Corre!).

Data do evento: Quarta-feira, 24/05 às 20h.

Onde: Shopping Frei Caneca – Rua Frei Caneca, 569 – Consolação – SP. (Acesso de Metrô: Estação Consolação ou Estação Higienópolis-Mackezie).

Comunidades, Algoritimos e Ativismos Digitais é o tema do BaixaCharla ao vivo #8

Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: Olhares Afrodiaspóricos, organizado pelo pesquisador Tarcízio Silva, que é produtor cultural e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, doutorando em Ciências Humanas e Sociais na UFABC, onde estuda imaginários sociotécnicos de resistência, e Tech + Society Fellow pela Fundação Mozilla, atuando em promoção de segurança digital e defesa contra danos algorítmicos. Também atua como curador na Desvelar, entre outras atividades que podem ser conferidas em seu currículo.

Editado em 2020 pela Literarua, “Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: Olhares Afrodiaspóricos” busca relacionar raça, racismo, negritude e branquitude com os estudos de tecnologias digitais, especialmente algoritmos, mídias sociais e comunidades online. Reúne 14 artigos de pesquisadores/as provenientes do Brasil, países da Afrodiáspora e África, como Congo, Etiópia, Gana, Nigéria, Colômbia, Estados Unidos e Reino Unido. É uma publicação que, com sua diversidade de perspectivas, tenta suprir uma lacuna nos estudos acadêmicos brasileiros na área. 

No prefácio, Emicida escreve que “se a essência das redes sociais é a conectividade, está para nascer uma que cumpra seu papel com mais eficácia do que um tambor”. É importante  desnaturalizar a ideia de que “tecnologia, storytelling, minimalismo e ideias que visam ampliar a percepção do que significa ser humano sejam apenas invenções do vale do silício”, diz o rapper, que cita Paulina Chiziane, “às vezes sinto que nos oferecem algo que já era nosso antes deles chegarem”. 

O capítulo de abertura é de Ruha Benjamin, autora de “Race After Technology: Abolitionist Tools for the New Jim Code” (2019), ativista e professora da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Nesse texto, Ruha incentiva um compromisso de incorporar abordagens raciais críticas no campoos Estudos de Ciência e Tecnologia – Science and Technology Studies (STS), no inglês.  Como ela escreve: “seja na arquitetura de máquinas (…) ou na arquitetura de  tecnologias legais, os pesquisadores de STS devem treinar nossas ferramentas analíticas sobre as diferentes formas de “correção racial” que sustentam uma forma perniciosa de construção do conhecimento”. A tecnologia é um dos muitos meios pelos quais as formas anteriores de desigualdade são atualizadas, por isso, ela explica, a necessidade vital de se fazer um balanço rotineiro também das ferramentas conceituais que são usadas para entender a dominação racial.

Nos outros 12 textos, o livro colabora com a crescente complexificação do pensamento sobre a comunicação digital e internet resultante da diversificação dos olhares e falas nos espaços acadêmicos. “Da matemática na divinação Ifá ao ativismo político, os temas e objetos dos capítulos passam por transição capilar, blackfishing, afroempreendedorismo, Black Twitter, contra-narrativas ao racismo e métodos digitais de pesquisa apropriados à complexidade das plataformas, algoritmos e relações de poder incorporadas nas materialidades digitais racializadas”, como escreve Tarcízio na apresentação.

Tarcízio é o convidado da BaixaCharla, é dele o artigo no livro que complexifica o tema em voga no debate: “Racismo Algorítmico em plataformas digitais: microagressões e discriminações em código”. Para ele, o racismo online é um “sistema de práticas contra pessoas racializadas que privilegiam e mantém poder político, econômico e cultural para os brancos no espaço digital” (citando Tynes, Lozada, Smith & Stewart, 2019). Nos ambientes digitais, especialmente plataformas de publicidade (Facebook), de nuvem e computação (Amazon Web Services, Microsoft Azure, etc), de produto (como Zipcar etc), plataformas lean (Uber, AirBnB), o desafio se torna mais profundo na medida em que o racismo adentra os processos automatizados “invisíveis” como recomendação de conteúdo, reconhecimento facial e processamento de imagens. 

Nesse cenário em que a tecnologia cada vez mais é tanto mediação das atividades humanas quanto interação interpessoal e negociação de serviços e comércio, os casos de identificação de racismo algorítmico passam a ser somados por diversas pesquisadoras, ativistas e desenvolvedores – entre eles o próprio Tarcízio, com sua Linha do tempo do racismo algorítmico, projeto paralelo de sua pesquisa no doutorado (intitulado provisoriamente de “Dados, Algoritmos e Racialização em Plataformas Digitais”) que incorpora casos de 2010 a partir da pergunta: “Como as plataformas digitais, mídias sociais, aplicativos e inteligência artificial reproduzem (e intensificam) o racismo nas sociedades?”

O artigo também fala de chamadas “microagressões”,  “ofensas verbais, comportamentais e ambientais comuns, sejam intencionais ou não intencionais, que comunicam desrespeito e insultos hostis, depreciativos ou negativos contra pessoas de cor” (Sue, 2010a, p. 29). São expressões, consciente ou não, usadas para manter “aqueles à margem racial em seus lugares” e que mostram como o racismo é sistemático em nossa sociedade. No texto, o pesquisador identifica sete tipos dessas microagressões: Suposição de Criminalidade; Negação de Realidades Raciais/Democracia Racial; Suposição de Inferioridade Intelectual; Patologização de Valores Culturais; Exotização; Estrangeiro na Própria Terra / Negação de Cidadania; Exclusão ou Isolamento.

Outro tema em voga na discussão sobre racismo e plataformas digitais são as tecnologias baseadas em inteligência artificial para ordenação e vigilância de cidadãos no espaço público. Conhecidas como “tecnologias de reconhecimento facial”, elas ganharam mercado nos últimos anos tanto a partir do lobby das big techs quanto pelo avanço de ideologias de extrema-direita. Por conta disso, têm sido usadas (ou contratadas para serem) em polícias de diversos lugares, entre eles o Brasil; um estudo do Intervozes afirma que “dentre os 26 prefeitos de capitais empossados em janeiro de 2021, 17 apresentaram propostas que, de algum modo, preveem o uso das tecnologias de informação e comunicação na segurança pública”. Publicamos em nossas redes uma notícia da Folha de S. Paulo nesta semana que conta que 20 estados brasileiros, das cinco regiões do Brasil, utilizam ou estão implementando a tecnologia de reconhecimento facial na segurança pública local. 

Na Linha do Tempo citada há diversos casos de erros dessas tecnologias. Há, por exemplo, situações em que os sistemas de reconhecimento facial da Amazon e da IBM erram mais em imagens de mulheres negras, assim como sistemas de biometria visual costumam falhar de 10 a 100 vezes mais com imagens de pessoas negras ou asiáticas. Por conta dessas falhas que ajudam a perpetuar o racismo algorítmico, pesquisadores têm defendido o seu banimento; nos Estados Unidos, há decisões como a de Minneapolis, cidade onde Geroge Floy foi morto, onde Câmara Municipal vetou o uso da tecnologia pela polícia, por sinais de que a I.A. é tendenciosa contra negros e outros grupos raciais. Na Europa, o Comitê Europeu de Proteção de Dados (EDPB) e a Autoridade Europeia para a Proteção de Dados (EDPS), apresentaram opinião conjunta que sugere o banimento do reconhecimento de pessoas em espaços públicos.

Tarcízio recentemente participou do podcast Tecnopolítica em que conversou com Sueli Carneiro (e Sérgio Amadeu, âncora do podcast) sobre o tema, resgatando inclusive o questionamento à neutralidade da ciência moderna – Sueli lembrou de como a ciência tem origem racista, tendo por base um pensamento universal europeu colonizador que excluía os povos africanos e as diversas cosmologias ameríndias e asiáticas. 

O pesquisador também escreveu em seu blog sobre 10 razões para as tecnologias de reconhecimento facial serem banidas. Estão entre eles o reconhecimento facial e visão computacional são técnicas altamente imprecisas, em especial sobre pessoas racializadas; de como as tecnologias digitais vistas como “neutras” ou “objetivas” favorecem ainda mais excessos de policiais, e no espaço público pressupõe e fortalecem uma sociedade vigilantista. Também é fator para defender o banimento o fato de que não podemos pressupor boa-fé de corporações de tecnologia, como exemplifica casos como o impacto do Facebook no Brexit e nas eleições americanas, do extremismo digital no YouTube e do lobby da Google no Conselho Administrativo de Defesa Econômica, entre muitos outros. 

No aspecto econômico, mesmo o custo-benefício para captura de condenados não justifica a coleta massiva, como exemplifica a milionária implementação de reconhecimento facial em Londres, onde bases reuniam fotos de mais de 2.400 suspeitos que geraram apenas 8 prisões. Dados proporcionais ainda piores foram reportados no Brasil, onde gigantesca infraestrutura de reconhecimento facial foi implementada na Micareta de Feira de Santana, Bahia, coletando e vulnerabilizando 1,3 milhões de rostos para o cumprimento de apenas 18 mandados.

Para debater o livro e os temas citados, Leonardo Foletto e Tatiana Balistieri, do BaixaCultura, conversam com Tarcízio Silva no dia 22 de julho, às 19h, no canal do Youtube do BaixaCultura, onde as outras charlas já estão disponíveis. Nas próximas semanas ela também vira podcast, que pode ser escutado aqui e nas principais plataformas de streaming. Essa é a última charla do ciclo de 2021 que discutiu diferentes perspectivas dos estudos das tecnologias de comunicação no Brasil e no mundo. 

Emerson Alcalde analisa Nelson Triunfo: do sertão ao Hip-Hop

Seguindo a lista de leituras de pesquisa do projeto da minha autobiografia e do Slam peguei da minha estante o título Nelson Triunfo: do sertão ao Hip-Hop, de Gilberto Yoshinaga.

Eu tinha acabado de ler A minha vida e a revolução cubana, de Carlos Moore e postada a nota nas redes sociais, diante de alguns comentários, surgiu um do Yoshinaga se colocando à disposição para colaborar com a obra. O Toni C. já tinha me dado a letra de que ele elaborou uma metodologia zica para escrever biografias. Para este projeto eu já tenho o Ni Brisant como consultor literário, mas é sempre bom ouvir várias opiniões. Aceitei a ajuda.

Nas primeiras ideias trocadas por áudios de whatsapp ele já estava me mostrando algumas possibilidades e recursos estilísticos. Enviei o meu cronograma e a proposta do sumário enquanto estruturação da obra, e posteriormente as três primeiras partes e através de suas observações melhorei consideravelmente os caminhos e a forma, em paralelo com o Ni, que vai por outra perspectiva me trazendo provocações me que tiram do chão.

Iniciei a leitura e na primeira página me deparei com um autografo datado de 02 de novembro de 2014, ou seja, 7 anos após a aquisição me disponho a me debruçar sobre a obra. O livro impressiona de cara pelo projeto gráfico assinado pelo mestre Toni C., da LiteraRUA, desde o sumário, o número das páginas todos com a marca do Black Power até as clássicas fotos e cartazes, além de apêndices informativos. A história começa com Nelsão na Alemanha, onde já esteve mais de uma vez. Lá ministrou workshops, dançou, interpretou.

Começa pelo o que seria o seu ápice, o lugar mais longe o Nelson Triunfo chegou. E no capítulo seguinte sim se inicia contando a história da sua família e de sua infância no interior de Pernambuco, na cidade de Triunfo. Passando pela adolescência em Paulo Afonso, Bahia, onde conheceu os Bailes Blacks, que tocavam soul e funk, música troncha, como dizia na sua cidade natal. E lá se tornou conhecido pela dança, criando até um grupo os Invertebrados no Soul. Depois se mudou para o Distrito Federal, foi morar na Ceilândia, cidade satélite conhecida aqui por nóis pelas letras do GOG e Câmbio Negro. Do DF se jogou para SP morando com os seus irmãos no Bixiga, se envolve com o samba e desfila durante anos na GRCES VAI-VAI, depois se muda para Guarulhos e por fim Tiquatira, onde vive até hoje.

Yoshinaga narra com muita clareza e riqueza de detalhes que te faz acompanhar passo a passo da vida do biografado em paralelo com a história dos bailes blacks e do Hip-Hop. Resultado de uma pesquisa de uma vida sobre este movimento que somente um apaixonado pode ter.

Este livro mostra como o Hip-Hop nacional já nasceu abrasileirado, o pioneiro do break começou misturando os passos que via nos vídeos clipes e filmes norte-americanos com o suingue do Nordeste e o gingado da capoeira. Então antes de dizer que vai inovar algo busque a história porque nela já pode estar a resposta.

A primeira vez que ouvir falar o seu nome foi na música do Thaíde e DJ Hum, Sou do Hip-Hop. Anos depois conectei que ele era o cara que via nas ruas, na lotação e no parque ecológico. Me recordo de várias vezes pegar a lotação vinda da Vila Silvia sentido metrô Penha e no meio do trajeto subir um sujeito alto e de toca das cores da bandeira da Jamaica, era o Homem-Árvore.

Eu poderia ter lido o livro rapidamente, mas são tantas referências que eu desconhecia ou que só tinha ouvido falar que me fazia parar, ir no Youtube, escutar a música a música e assim continuar a leitura. Digo principalmente artistas dos anos 70 e 80. Brasileiros como Black Juniors e Buffalo Girls, e os gringos Kurtis Blow, Kool Moe Dee e Whodini. Eu só fui ter acesso a este estilo a partir dos anos 90 e alguns somente agora.

No livro me aprofundei na sua vida, na sua obra e no Hip-Hop. Acredito que este seja um dos poucos materiais que exista de uma forma tão organizada deste período da história. As famosas e importantes coletâneas: Hip-Hop Cultura de Rua, O som das ruas, The Best Beat of Rap e Consciência Black, responsáveis por lançarem artistas que hoje são consagrados como Thaíde, Pepeu e Racionais MC’s.

Nas últimas páginas me deparo com uma foto dos irmãos Gama que na época estavam produzindo o CD do Nelson Triunfo e nós acabávamos de comprar a casa de um dos Gama, o Renato. Fomos no show de lançamento no auditório do Ibirapuera, o livro foi finalizado antes deste lançamento, então pude avançar um pouco além da história que está no livro com a vivência que tive de ver o seu show completo com banda e tudo mais, ver ele cantando, dançando com sua família e parceiros.

Termino o livro com mais conhecimento e com vontade de ouvir mais músicas. Continuar aprendendo sobre funk, soul e rap dos anos 80. Nesta década eu era criança e morava em Itaquaquecetuba. Meu pai e meus tios curtiram este momento e o viram dançando na Rua 24 de maio e na Estação São Bento e me relataram com muito entusiasmo. Fico imaginando como deve ser morar no Brooklyn e ver no dia-a-dia o Mos Def, Busta Rhymes, KRS-One, os membros do Wu Tang Clan, do Gang Starr. Mas lembro que nas ruas da Leste encontro frequência com Rincon Sapiência, que para pra me cumprimentar, divido uns salgados de R$0,50 com Jé Versátil, trombo o Raillow (Primeiramente), o Nocivo Shomon, o Mikimba (De Menos Crime), o Pepeu está sempre no meu prédio e vou no mesmo vagão do metrô que Nelson Triunfo viajando nas histórias engraçadas que ele sempre tem pra contar. Como diz o Dexter: “Se este é o lugar, já era, eu tô aqui”.

Fonte: página do Emerson Alcalde no Facebook, publicado originalmente no dia 24 de maio de 2021.

Adquira o livro e viaje nessa leitura você também: https://www.literarua.com.br/livro/nelson-triunfo-do-sertao-ao-hip-hop

LiteraRUA: Conheça livraria voltada ao público negro e periférico – Estação Livre – TV Cultura

Livrarias especializadas em literatura negra, periférica e feminista se espalham por todo o país. Elas acabam se tornando refúgio de quem deseja se ver representado no universo literário, mas não encontra respaldo em grandes redes.



A LiteraRUA é uma delas. “A gente é uma editora com ideologia, voltada para o público preto, pobre, favelado, periférico e essa literatura nossa. A gente não trabalha meramente com dinheiro. A gente tem a missão de contar a história do nosso povo“, diz o escritor Toni C.

Segundo a proprietária da livraria Africanidades Ketty Valêncio, o projeto traz uma ação transformadora. “Eu me vejo nas pessoas que comprar os livros, e vice-versa”, conta.

Toni C aponta para a importância do hip hop em sua trajetória de vida. “Foi o hip hop que me apresentou a literatura. A literatura que eu aprendi na escola era uma coisa chata. Foi o rap que falou: ‘abre um livro e vai se informar'”. Valêncio reitera a relevância da vertente cultural: “O hip hop e a literatura são praticamente a mesma coisa. É o primeiro movimento que me traz a minha humanidade”, afirma.

Assista à íntegra do Estação Livre sobre literatura:

AmarElo É Tudo Pra Ontem estreia o Doc-Alforria de Emicida

Por Toni C.*

Faz mil dias que ceifaram a vida de Marielle Franco. Este oito de dezembro foi uma madrugada de vigília, é a estreia do potente AmarElo É Tudo Pra Ontem.

Emicida reúne a destreza do samba e inova feito um modernista para nos devolver as páginas arrancadas dos livros de história, e nóiz tamu nela! O rapper ocupou em novembro passado o Theatro Municipal e hoje crava o primeiro documentário do Hip-Hop verde-AmarElo para o mundo através Netflix. 

Dias atrás, a produção ​estava ​a ​todo vapor​,​ ​com ​equipe se falando ​à distância, ​foi a primeira vez em que Emicida sugeriu o título: É Tudo Pra​ ​Ontem. Parecia uma piada, daquelas tiradas sagaz do MC do Cachoeira. Tá ligado? Afinal era tudo pra ontem mesmo, e sugestões de ​nomes ​sonoros e poéticos não faltavam. Mas o tino infalível de Emicida sintetizou ​a urgência histórica ​nesta frase​ que a gente solta até sem querer​, afinal​, ​​é pra ontem​​: preservar a vida, a mata, a vacina, a estima, ​a memória, ​a democracia​​…​ é tudo pra ontem, tio!​

Era a sessão de pré-estreia de um documentário extremamente sensível e inspirador. Vivíamos um mundo sem pandemia, e a obra em questão era Sobre Noiz, exibido no Céu Jaçana. Ví na tela uma África diferente da qual nossos inimigos insistem em botar em nossa mente. No fim da sessão, após o Emicida responder as perguntas do público, me aproximei dele e fiz um pedido, queria registrar a história desse artista-pensador e falei isso em voz alta pra ele de uma vez, assim a queima roupas…

Quatro anos depois, meu pedido pra ontem, tem cara nova hoje, quando tenho a sorte e a felicidade de ser convocado, não para contar a história do Emicida, nem de seu álbum o premiadíssimo AmarElo, Leandro é tão generoso que no lugar de simplesmente promover seu trampo ou de se autopromover, faz questão de resgatar e homenagear aqueles que vieram antes, grandes personalidades que pavimentaram o chão com suas pegadas gigantes como Ruth de Souza – Abdias do Nascimento – Lélia Gonzalez – Mário de Andrade – Candeia – Wilson das Neves e tantos outros Elos. Que não estão mais condenados a simples notas de rodapé nos livros da escola.

É loko pensar que em meio ao surto global da Covid, o Zika da Rima espalharia uma verdadeira “Febre do AmarElo“, nosso ouro reluzente, a cor saqueada da bandeira. 

Não viu AmarElo? Veja. Já assistiu AmarElo? Reveja… estude, beba, coma, mergulhe em AmarElo

“É uma faculdadezinha que fizemos, alí”.

Me disse com ternura o próprio Emicida. Dia desses ouvi isso do Fióti, que acrescentou: “É pra se assistir com papel caneta e lenço”. Me ensinou com cada gesto Felipe Choco… o corpo docente  dessa facú conta ainda com Raissa, Joelma, Lohana, Alexandre de Maio… que time! Pensa você mano, num dia você assiste o videoclipe Triunfo e em outro você tá diante do diretor Fred Ouro Preto discutindo o roteiro do documentário!? 

Preciso agradecer aos mestres com carinho que me apoiei ao longo dessa missão, os professores Big Richard, com seu recém lançado Maioria Minorizada. Renato Gama com sua sabedoria Afrogira. Leci Brandão que nos torna Zé do Caroço com sua existência. Enéas Armagedon, que nesse momento enfrenta o vírus da Covid, força irmão! Além de Amailton Azevedo que através de seu livro Sambas, Quintais e Arranha-céus nos trouxe outro mestre pra roda, o sambista Geraldo Filme, ligeiro em imortalizar com seu samba o construtor Tebas como um grande patrimônio.

Só tenho que agradecer por ser contemporâneo de alguém como Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, você é alento num deserto de desesperança.

O Tundum quem fez foi a batida dos nossos corações soando alto em AmarElo.

*Escritor, roteirista do Documentário AmarElo é Tudo Pra Ontem.

Poesia Pra Encher A Laje 2.0 – INQUÉRITO, Renan

POESIA PRA ENCHER A LAJE 2.0 é muito mais que uma simples reedição do segundo livro de poesia visual de Renan, essa nova LAJE na versão 2.0, têm suas poesias inteiramente recriadas e também ganha poemas inéditos, com projeto gráfico totalmente reelaborado com parceria da OBS.curadesign.  

O livro nesta edição conta com prefácio de Arnaldo Antunes, participação de Marcelino Freire e do rapper Emicida que decreta: “Se hoje temos a ambição de reivindicar nossa identidade e transformar as quebradas em inteiras é porque tem uns doido igual ao Renan, que faz da poesia um estilo de vida e sai gritando por ai com seu megafone coisas que nos lembram que o cérebro mora na cobertura do corpo, mas aquele morador problemático que tá sempre batucando no andar de baixo, também tem seu valor. Escute ele.”

Criada apesar e com as condições próprias do iSOLamento, sem que o livro se torne mero lamento, é leitura leve para dias pesados. O próprio autor revela por suas redes sociais como tem atravessado este período de criação e reinvenção: “… assim como tod@s vocês, passei por vários processos distintos, foram duras e dores, foras e flores, mas confesso que tenho vivido um misto de quarentena e libertação, tenho usado a arte como liberdade. Criar foi minha única Cura!”

Assim sintetiza Arnaldo Antunes em seu prefácio: “​A poesia de verdade não é só crônica de seu tempo, mas ela em si um acontecimento. Um fato transformador da consciência e da sensibilidade de quem o presencia.​”​

Marcelino Freire ​é direto: “​Poeta que vai além do concreto. Feito um papo reto. No grito. No pé do ouvido. Para manter o nosso olhar aberto. “​

A obra poética de Renan faz parte de um grande projeto chamado i(SOL)amento, onde o livro não chega sozinho, a ação conta também com disco, vídeo, podcast e tudo mais que sua mente mandar. Uma verdadeira auto-curadoria afirma o autor: “Sou criador e curador, de mim mesmo, na arte e na mente. Depois da pandemia vem a primavera!” Mas sempre concreto, sempre certeiro INQUÉRITO, Renan alerta: 

“Só quem encheu a laje vai poder tomar sol”.

Livro: POESIA PRA ENCHER A LAJE 2.0
Autor: INQUÉRITO, Renan
Editora: LiteraRUA / Inquérito
Participações: Arnaldo Antunes, Emicida, Marcelino Freire
Páginas: 88
Dimensões: 17,5×13,5cm
ISBN: 978-65-86113-02-0
Edição: 2
Ano: 2020

Disponível em LiteraRUA